O corte de 30% no orçamento da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) pode reduzir diversas atividades da instituição, inclusive afetando o atendimento no Hospital Universitário Cassiano Antônio Moraes (Hucam), conhecido como Hospital das Clínicas, em Maruípe, Vitória.
A decisão de cortar a verba de todas as universidades do País foi anunciada na última terça-feira pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub.
A medida foi tomada após a repercussão negativa das declarações do ministro, que anunciou que a realização de “balbúrdia” nas universidades seria um dos critérios para a escolha das instituições afetadas pelo corte de verbas.
Três universidades já haviam sido alvo das medidas: a Universidade Federal Fluminense, a Universidade de Brasília e a Universidade Federal da Bahia. O ministro foi criticado por ter adotado a medida como retaliação a atividades políticas ocorridas nessas unidades.
Outras instituições, entre elas a Ufes, já registraram congelamento de recursos neste ano, inclusive com bloqueio de valores de emendas parlamentares.
O reitor da Ufes, Reinaldo Centoducatte, afirmou que os cortes específicos não têm justificativa e atividades serão suprimidas caso isso aconteça. “As universidades estão há anos trabalhando no limite da capacidade”, afirmou.
Na semana passada, universidades confirmaram o bloqueio no orçamento para despesas de água, luz, limpeza e outros serviços.
O avaliador do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Edebrande Cavalieri, ressalta que esse corte é preocupante, pois deve reduzir pesquisas e afetar o atendimento no hospital universitário.
“O corte será em cima de despesas que a universidade não pode deixar de pagar. Isso é muito sério, pois força a universidade a buscar outros recursos (como a cobrança de mensalidade) ou a redução de atividades de pesquisa e extensão. Toda parte de assistência, como o hospital, será prejudicada, porque a universidade não vai mais conseguir bancar isso”, disse Cavalieri.